João Távora Lisboa, 1981 (joaotavora (at) gmail.com)
2019, Mestrado em Pintura, FBAUL, Lisboa
2016, Licenciatura em Desenho, FBAUL, Lisboa
2005, Engenharia Electrotécnica, IST, Lisboa
2019, A burning thing, Lisboa, Galeria Monumental
2018, Bonus Dormitat Homerus, Lisboa, Espaço ECM
2018, O sorriso sem gato, Tavira, Casa das Artes
2020, Contingere, cur. Mariana Hartenthal, Galeria Cisterna, Lisboa
2020, Mostra 2020, 5ª edição, Lisboa
2019, Cock Christmas, Cash Only, Atelier Concorde, Lisbon, Portugal
2019, Drawing Room, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa
2018, XX Bienal de Arte de Cerveira, Vila Nova de Cerveira
2018, JustMAD Art Fair (Galeria Monumental), Madrid, Epanha
2017, Paula Rego Drawing Prize (seleçcão), Casa das Histórias, Cascais
2016, Paula Rego Drawing Prize (menção honrosa), Cascais
Um desenho é juntamente uma coisa mundana e uma coisa insólita. É mundano porque encontramos desenhos minúsculos em guardanapos de papel e encontramos desenhos gigantescos na parede da sala, como os feitos silenciosamente por uma criança quando estávamos distraídos. Um desenho pode retratar um cena mitológica, uma trivialidade burlesca, ou nada de especial.
Porquê insólito? Um desenho pode certamente ter um antecedente narrativo, mas também contém nele um tempo diferente dessa narração, o seu próprio tempo. Um tempo irrazoavelmente vasto, mesmo mais vasto do que o tempo do seu próprio fazer: uma espécie de presente perpétuo. Num desenho vivem os escombros do assalto contínuo ao papel, as formas e manchas inscritas não apenas sobre ele, mas por ele adentro. No fim, por mais massacrado que seja esse desenho, pareça ou não acabado, a última marca é sempre a de ter sido abandonado.
São todos esses azares, ancorados precariamente na finura do papel, que nos fitam misteriosamente de volta.
João Távora, 2016/2020 (Adaptação de tetxo apresentado à exposição de desenho na Casa das Histórias (Museu Paula Rego) em Cascais, a propósito das “evidências narrativas” do desenho selecionado.)